segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Prova de amor

Entre as diversas perguntas que rondam o tema amor, provar a existência dele é algo utópico, já que o amor é individual e subjetivo. Mas quem nunca se questionou durante um relacionamento; será que ele (a) me ama, será que eu realmente o (a) amo, como saber o tamanho desse amor, ele é real?

Como responder de forma cartesiana a um tema tão subjetivo e amplo?
Responder essa equação de forma exata é algo impossível. Penso que o amor é a somatória de diversos fatores, ações e situações do cotidiano, resultando em algo não cartesiano e tangível.


Ouço frequentemente as pessoas se queixarem por estar sozinhas, por não encontrarem um amor, encontrar e deixá-lo passar, perdido um, ou ter se decepcionado com um relacionamento. Porém, questiono se todos os reclamantes têm verdadeira consciência sobre o que consiste o amor.

Seria algo romantizado como no cinema, trágico como na literatura, impossível como no teatro, incondicional como nas religiões, idealizado por sonhadores, platônico segundo a crença de alguns? Respondida essa primeira pergunta, surgem outras: E como viver esse amor? Como perpetuá-lo? Como não deixar que a construção sucumba à primeira tempestade?

Constato que a melhor forma de responder a essas perguntas é por meio do exemplo de casais que conseguiram sobressair às estatísticas de divórcio e separação para viver um amor verdadeiro e duradouro.


O primeiro exemplo que me vem à memória é um casal de idosos de Guarulhos que vive há 82 anos juntos (a costureira Otacília Gomes de Oliveira, 102 anos, e o lavrador aposentado José Francisco dos Santos, 106). Tive a oportunidade de entrevistá-los para a edição especial do jornal Folha Metropolitana publicada no aniversário de Guarulhos.

Diante do casal apontado como o mais velho juntos atualmente no planeta, questionei o segredo de uma relação tão duradoura. Ele respondeu prontamente; “amor, paciência e nada de ciúme”, seguido de uma gargalhada.

O segundo exemplo é a história de um casal argentino que ganhou notoriedade mundial após ter a rotina registrada pelo fotógrafo argentino Alejandro Kirchuk, 24 anos, neto do casal. Kirchuk decidiu fotografar os avós maternos, ao descobrir que a avó travava uma batalha contra o Alzheimer.


Os cliques mostram o resultado da equação, o amor incondicional. O dia a dia de uma pessoa que se dedica, cuida e ama alguém que não mais recorda a própria trajetória de vida e ainda desconhece seu cuidador.

Há quem questione esse amor, afinal os dois já estão velhos, a cada dia mais próximos da morte, e só resta um ao outro. Mas não seria essa realidade o resultado de uma vida construída no amor, com seus altos e baixos, plena em todas as fases desde a paixão, casamento, filhos e velhice?


É fato que o amor sempre foi e será uma equação impossível de resolver de forma cartesiana. Porém, acredito, que o tal amor dá indícios de sua existência por meio da história de casais como os citados neste texto. Mostrando que o chamado impossível pode ser concretizado e vivido por aqueles que têm disposição (referência ao post – Amor sinônimo de disposição).


Silas Macedo

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