segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Medo

Medo...

Medo de morrer, viver, arriscar, falar, machucar, magoar, pensar, ousar para ser feliz.

Sempre medo.

A humanidade sabe que o medo é uma ferramenta animal, um mecanismo de defesa do cérebro para evitar dor, garantir a sobrevivência e a continuidade da espécie. Fato, um condição necessária para que pudéssemos chegar até aqui. Porém, o problema surge quando o medo passa a ser uma âncora como já afirmava Lenine em uma de suas canções.

O que fazer quando o medo atormenta, nos deixa irracionais, nos fazem agir com impulsos tolos, equivocados e quase animais? Como vencer o medo quando a felicidade está em jogo?

A vida é sábia é nos tira da zona de conforto, seja no amor ou na dor. Recentemente fui vítima do medo, e percebi que ele me aprisionou, me fez agir de forma irracional, e principalmente me afastou de mim. Fazendo que eu agisse de forma oposta do que acredito e defendo na vida.

Após algumas reflexões, percebi que o medo é uma grande problema nas relações humanas, quando recuamos por medo sempre diante de algo que nos incomoda ou nos impede de ser plenamente feliz. Medo de perguntar, falar, ouvir, arriscar, romper, e magoar o outro. Entendi que em uma vida plena não há espaço para o medo. 

A vida é tão intensa e preciosa, nos chamando sempre a conhecer e vivenciar novos horizontes, que definitivamente não podemos ficar âncorados no medo. Me lembrei de uma frase da personagem Blanche Dubois, da peça "O Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Willians, que diz "O oposto da morte é o desejo". De forma paralela, o desejo de viver e romper com o medo representa o impulso rumo a felicidade. Uma verdade que relembrei hoje.

Ainda me recordei da máxima que afirma que só é feliz, rico e amado, aqueles que arriscam pesado, sem medo. Por vezes, o medo nos acua e faz com que esqueçamos de quem somos e o que acreditamos, e nesta hora é necessário nos encontrarmos e seguir rumo a felicidade.

A vida, sempre sábia e paciente, nos conduz para que tudo aconteça da melhor forma. Hoje me recordei que há algum tempo arrisquei rumo a novos horizontes, arrisquei ao jogar para o alto um emprego estável para fazer o que amava, arrisquei para encontrar meu grande amor em um xeque-mate, e sou feliz devido a isso.

Hoje a vida me mostrou que não há tempo e espaço para medo, inseguranças e todos os fantasmas que insistem em assombrar. Percebi que só há uma coisa a fazer, arriscar e pular de braços abertos no aparente abismo, mas seguro que levará a felicidade plena.

Eu pulo e arrisco sem titubear. Não a tempo a perder. Âncoras recolhidas para seguir aos novos horizontes.

Silas Macedo

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Palavra Incógnita

O verbo, tudo começa com ele. A palavra. A ordem divina para o início de todas as coisas...

Ela desde os primórdios dos tempos exerceu um papel importantíssimo para a evolução gradativa da humanidade, permitindo que culturas fossem perpetuadas, conhecimentos passados de geração em geração, reinos erguidos, ou dizimados,  tratados de guerra e paz estabelecidos, mostrando assim o seu poder.

A palavra rompeu limites por meio da notícia, impressa em páginas de papel ou reproduzida pelos quatro cantos do mundo em telas repletas de códigos binários. A importância da palavra é inquestionável, porém a questão é como usá-la, como fazer com que ela abra portas, traga respostas, e chegue aos ouvidos do próximo sem nenhuma distorção ou má interpretação.

Já diziam os antigos, a palavra pode ser bálsamo ou extremamente dolorosa. Como fazer com que o outro não interprete mal o verbo lançado? Como garantir que as palavras sejam como brisa leve? Como ser ético e fiel a verdade e a transmissão da informação.

Sem dúvida, um desafio para aqueles que trabalham com a palavra, mas principalmente para todos que se comunicam e estabelecem relações, desde uma simples orientação de como chegar a algum lugar, reportar um fato, relacionar-se com colegas de trabalhos, familiares, amigos e quem amamos e decidimos passar o resto de nossas vidas.

Diante disso, tenho refletido, após algumas experiências pessoais, que a palavra correta é por vezes uma incógnita, ou melhor desnecessária. Aplicando o conceito de mestres antigos, filósofos, pensadores e poetas, como o de Clarice Lispector - "Viver ultrapassa qualquer entendimento". Sinalizando que, por vezes, devemos deixar de lado a necessidade de entender ou explicar tudo. Aquietando o coração e os pensamentos sem verborragia, permitindo que a verdade venha a tona sem pressa.

Lembrei ainda de um trecho de uma crônica que dizia que o silêncio entre duas ou mais pessoas não representa a falta de diálogo, mas a perfeita sintonia. Respeitar o silêncio do outro e entender em um simples gesto ou olhar tudo o que é necessário. O que faz ter certeza que a palavra é, por vezes, desnecessária.

Fazendo o uso das palavras de uma tia e amiga querida - "Eu sei, mas não sei conceituar" - termino a minha reflexão constatando que há um subtexto repleto de palavras intrínsecas no silêncio que remetem a harmonia e paz.

Silas Macedo