segunda-feira, 28 de julho de 2014

De repente 30...

De repente 30... Vou me apropriar do título do filme dirigido por Gary Winick, e estrelado Jennifer Garner, para expressar o que sinto neste momento de minha vida. Hoje comemoro mais um aniversário, algo que considero um dádiva, pelo simples fato de amar a vida. Acordar a cada dia, ver a luz, respirar, e desfrutar tudo o que ela nos oferece, incluindo prazeres e dores, é, sem dúvida, um presente do universo (Deus).  

Ao olhar para trás e o momento atual, entendo porque dizem que a vida é um suspiro divino, rápido, único e intenso. O efêmero e o sagrado se misturam no paradigma do cotidiano que mescla a corrida contra o relógio e a rotina, e os momentos que ficam eternizados na tela etérea do tempo. Afirmo isso porque em flashes da memória, posso vislumbrar passagens únicas da infância, adolescência, início da vida adulta até o atual momento balzaquiano. 

E realmente "De repente 30", passou tão rápido... Aos 34 anos - sim, já sou balzaquiano há algum tempo - me percebo mais consciente, fortalecido, mais eu. Faz alguns anos que uma amiga mais velha me disse que quando eu chegasse ao 30 anos, não teria certeza do que iria querer para minha vida, mas teria absoluta certeza do que não iria querer para ela. E de fato, isso aconteceu. Ela tinha razão!

Hoje, após um período nebuloso, permeado por incertezas, hoje sei exatamente quem sou, para onde vou, e o que desejo ou não para a minha vida. Agradeço as alegrias, as dores, acertos e erros, e até o tempo que me encontrei perdido, afinal quando se admite que está perdido é o primeiro passo para encontrar o caminho a ser trilhado. E, também agradeço, a todas as pessoas que estão ou passaram pela minha vida, pois aprendi com cada uma delas, até mesmo aquelas que desejei nunca ter encontrado.

A maturidade chega, despretensiosa e sem pressa, trazendo plenitude, discernimento, cautela e consciência de si. Conversando com uma amiga querida, recordamos os tempos da faculdade, a falta de grana, sonhos, risadas, e os vinhos baratos que tomávamos em uma adega popular de Guarulhos, e comparamos com as pessoas que somos hoje. Assim como nosso paladar que ficou mais apurado, não apreciando mais vinhos ruins, nos tornamos melhores, aprendendo a dar valor ao bom da vida.

E assim como os vinhos, espero a cada ano ficar melhor, viver cada fase, aprender sempre, e retirar a essência da vida. Almejo estar a cada dia mais próximo de mim, daqueles que amo, e de Deus em todas as suas manifestações. Quero continuar a aprender com o ser humano, em todas as suas diferenças, dos mais intelectuais e espiritualizados aos xucros e almas incipientes, podendo escolher quem permanecerá ao meu lado.

Sou naturalmente saudosista, e espero um dia poder rever esta vida como um filme favorito que assistimos num dia de folga frio e chuvoso debaixo das cobertas. De resto, sou apenas gratidão por os quase 12.410 dias vividos. Ao futuro, meus melhores desejos, saúde, afetos verdadeiros cultivados como bons frutos a serem degustados na eternidade, um vida plena, e uma partida tranquila em uma cama quente após um centenário desta existência.

Silas Macedo