terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Deficiência de que?

Esses dias fui surpreendido por uma situação delicada em relação a uma pessoa deficiente com mobilidade reduzida. Estava com uma amiga - vale ressaltar bem humana, respeitosa e consciente – em pleno Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, quando caminhando pelo saguão, ela resolveu usar o banheiro.

Eu fui ao banheiro masculino, e na sequência fui aguardá-la na porta do feminino, quando me deparei com uma cadeirante, simpática, com aparente trinta anos, que esperava para usar o sanitário para portadores de deficiência ou mobilidade reduzida.

Aguardei minha amiga e, para minha surpresa, ela saiu do banheiro reservado aos deficientes. Logo perguntei, e fui esclarecido que ela optou por usar aquele banheiro porque o coletivo estava lotado. Algumas risadas, até quando a cadeirante começou a proferir palavras agressivas, afirmando que minha amiga havia desrespeitado o direito dos cadeirantes em usar um banheiro exclusivo.

Símbolo Internacional de Acesso
Ficamos atônitos e perplexos com a avalanche de ataques. Nossa reação foi imediatamente pedir desculpas, e logo explicar a situação. Mas ainda sim ela repetia insistentemente o mesmo discurso: “Você acha que é melhor do que eu? Que pode usar o banheiro dos deficientes? Quem você pensa que é para me privar desse direito?”

Fiquei tranquilo, tentei acalmar os ânimos e explicar novamente o ocorrido, mas ela apenas repetia as mesmas palavras, se recusando a ouvir. Nitidamente vi um ser humano frustrado tentando projetar, justificar ou apaziguar suas frustrações as lançando em nós. Sem dúvida,  uma válvula de escape!

Sinceramente, entendo que há situações que uso do banheiro exclusivo não deva ser usado, por exemplo quando o cidadão usa o sanitário para deficientes pelo simples fato de dispor de mais espaço e permitir fazer qualquer coisa nele, desde se maquiar ou namorar.

Mas auto lá! Tudo é questão de bom senso, já que minha amiga usou o sanitário por nos máximo três minutos. Alguns municípios não têm uma legislação específica sobre o tema, mas a questão é que esses banheiros podem ser usados por qualquer cidadão na falta de um portador de deficiência. Assim como os assentos nos coletivos reservados para gestantes, idosos e deficientes.

A pauta deste incidente remete a reflexão sobre o uso desses direitos, englobando bom senso e respeito ao próximo, mas também a reação das pessoas. Neste caso, a cadeirante poderia ter reclamado ou informado educadamente a necessidade do uso exclusivo do banheiro, mas ela preferiu lançar suas frustrações no próximo. Fato que fez com que eu e minha amiga nos afastássemos. Nós reservando de receber o peso da frustração dela, mesmo porque ela seria incapaz de ouvir qualquer argumento ou desculpas naquele momento.

Finalizo questionando: Deficiência de que? Bom senso? Educação? Falta de informação? Empatia? Ou apenas deficiência física? 

Silas Macedo