quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Casa dos Cordéis, reduto de arte e memória


Resultado do idealismo do poeta sonhador Bosco Maciel, a Casa dos Cordéis, instalada em um patrimônio octogenário na Avenida Torres Tibagy, nº 90, no Gopoúva, serve de reduto para a arte, contemplando sua pluralidade em todas as manifestações.


Pensada e decorada com quadros, vitrais e baús antigos, a casa apresenta características do teatro mambembe – lembrando as cores, improviso e a criatividade dos grupos de teatro itinerante, levando aquele que visita o espaço a uma atmosfera artística com referências diretas ao filme ‘O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus', lançado em 2010, e dirigido por diretor Terry Gilian.

As figuras de Dom Quixote de La Mancha, personagem de Miguel de Cervantes, e do doutor Bezerra de Menezes, médico e expoente da doutrina kardecista, estão fixadas na parede do escritório de Maciel, refletindo a índole e os ideais do criador da casa. Um nordestino que migrou para a paulicéia desvairada, despertando em meio à turba, se tornando um guerreiro em prol da cultura.
No universo particular da Casa dos Cordéis há espaço para fantoches no Teatro Magote de Maluvidos, uma oficina de criação de bonecos, o Cine Teatro Atílio Garret – em homenagem ao diretor e ator guarulhense que morreu em 2009, a Praça Marco Costa – em homenagem ao bailarino que atuou na cidade e morreu neste ano. Para o regozijo da cultura, Maciel conta que a casa em breve terá um novo espaço, a Biblioteca Amácio Mazzaropi.

A história do poeta folclorista

O poeta e folclorista Bosco Maciel, 61 anos, nascido em Cajazeiras, na Paraíba, cresceu em uma família de cinco irmãos, demonstrando desde criança aptidão para a arte e a cultura. Ainda na infância participou de concursos de pintura, e na adolescência participou de bandas cantando música brasileira e rock com o repertório dos Beatles.

Nos anos 70, migrou para São Paulo com intuito de ampliar seus horizontes. Aos 20 anos, morou em pensões, trabalhou em fábricas, e como a maioria dos migrantes nordestinos, passou por momentos de dificuldades. Em 1974, se mudou para Guarulhos, tornando-se guarulhense de coração. Casou-se, teve três filhos, e se formou em Administração de Empresas, em 1977, pela então FIG (Faculdades Integradas de Guarulhos, hoje Centro Universitário Metropolitano de São Paulo – FIG Unimesp). Em 2007, passou a integrar a Academia Guarulhense de Letras (AGL), e foi condecorado cidadão guarulhense em 2010.

Sempre ligado à cultura, o poeta, por amor e idealismo, realizou pesquisas e trabalhos resgatando suas origens nas figuras pitorescas do sertão como os emboladores de feira, cegos cantadores, repentistas, benzedeiras, vaqueiros, e tantos personagens que compõem o folclore nordestino.


Em meados de 2007, Maciel criou o Instituto Cultural Casa dos Cordéis, espaço cultural onde ele guarda o próprio acervo, recebe artistas da cidade e do País, atuando diretamente como multiplicador da cultura.

“Tenho responsabilidade como brasileiro e nordestino para com a cultura do meu País. É o conhecimento e a cultura que fornecem ao cidadão as ferramentas para lutar por seus ideais. Eu quero lutar pela valorização da cultura brasileira até o final da minha vida”.


Silas Macedo

domingo, 31 de julho de 2011

Consciência livre e mudança

Esses dias tive contato com uma pessoa que me fez pensar sobre a real possibilidade de mudança de postura do ser humano diante da vida, contradizendo o dito popular "pau que nasce torto, morre torto". Essa pessoa, que chamarei pelo pseudônimo "Change", apareceu em minha vida para pedir perdão a uma pessoa que eu tenho muito apreço.

Na verdade, o contato entre o Change e o meu amigo foi no início da adolescência, no colégio. Época em que o ser humano, em meio a tantas dúvidas, muitas vezes busca se auto-afirmar menosprezando o próximo. Neste caso, a relação entre eles chegou ao bullying, porque o Change fazia parte do grupo popular da escola, e com esse suposto amparo, ele maltratava o meu amigo devido a sua homossexualidade. Piadas, perseguições e pancadas.

Ouvi deste amigo, que aos 14 anos, ele teve contato com um mundo cruel, onde o diferente deve fugir para poder sobreviver. "Corre viadinho!" - gritava o grupo popular. Diante disso, meu amigo se escondia, mudava trajetos, deixou algumas vezes de frequentar a escola, e se escondia, buscava respostas e refúgios, ao ponto de encontrar nas drogas algum alívio para aquela dor.

Aos 14 anos, ele teve contato com maconha e cocaína, em pânico, escondido dentro do banheiro da escola. Não que o histórico justifique a escolha de experimentar as drogas, mas é possível compreender um dos motivos que o levaram a esse caminho. Fato que hoje esse amigo está em uma clínica de tratamento para dependentes químicos.

Agora lembremos de Freud, muitas vezes repudiamos no outro os nossos maiores desejos ou ainda a nós mesmos. Passado quase dez anos, Change procura esse meu amigo para pedir perdão sobre todos os males que fez na adolescência e admitir que também é gay. Ironia do destino, esse reencontro se deu dois dias antes da internação do meu amigo na clínica de recuperação.

Se ele foi perdoado? Claro que sim! Meu amigo tem um bom coração. E afinal, quem nunca errou, quem nunca se sentiu integrante do grupo dos diferentes e excluídos? Quanto ao futuro... Espero sinceramente que meu amigo possa sair da clínica recuperado e pronto para deixar definitivamente as drogas. Quanto ao Change, não devemos julgá-lo, penso que ele é um ótimo exemplo de como as pessoas podem mudar, seja pelo amor ou pela dor.

Em resumo, creio que o ideal é se colocar no lugar do outro antes de realizar qualquer julgamento. Seja ele ligado a sexualidade, posição social, cultural, religiosa ou qualquer outra situação. A meta é respeitar o próximo, colocando em prática o dito "trate o outro exatamente como deseja ser tratado", simples assim.

E para aqueles que não acreditam na mudança do ser humano, pense sobre isso com base nesse relato. Aplicando a lição a qualquer circunstância, seja para um ex-dependente químico, ex-detento, assassino, agressor, etc. Finalizo, afirmando que estamos nesse mundo para aprender com o próximo e evoluir.

Silas Macedo

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Fé em que?


"A tua fé te curou", disse Jesus aos discípulos. Uma frase forte, que diz muito e questiona a postura dos homens diante daquilo que não se vê e nem se pode provar completamente. Nos últimos dias, a questão da fé tem sido questionada diante de mim. Em meio a atribulações, em busca de ajuda, fui questionado por alguém que amo muito, sobre a existência de Deus.

Em meio a dúvida que transitava entre a sanidade e a loucura, ele me perguntou: "Como ter certeza que Deus existe? Quem garante que o Big Bang não foi um acaso? Quem garante que não estamos sós? Qual o sentido para a vida? Por que Deus permite injustiças e ainda que nós escolhamos o caminho errado?"

Como eu, homem de pouca fé, poderia sanar aquelas dúvidas? Tenho buscado uma resposta, uma equação, um sinal para provar a ele (e, a mim mesmo) que Deus existe e que há um sentido maior para a vida. Não ter essa resposta ou não ter fé é algo destrutivo e avassalador. Porque a ânsia por um sentido, remete o ser humano a busca por vivências que apaziguem a dor da alma, por meio de experiências destrutivas e suicidas. Exageros, tais como o consumo de álcool e drogas, por exemplo...

Dizem ainda que a fé é como o ópio ou qualquer outra droga. Penso que tudo, deve passar pela consciência e não passar a linha tênue que leva ao exagero e a loucura. E questiono ainda, como comparar fazer uma oração em silêncio no quarto com o uso da cocaína? Fé, sem dúvida, acalma as dores da alma, e não como a cocaína, que remete seu usuário temporariamente para longe da dor e a um caminho sem volta para longe de si.

Pensei, repensei e cheguei à conclusão que a fé, ter fé, é o grande desafio dado aos homens por Deus. Dizem alguns religiosos, que este é o "mistério da fé". Como provar que o amor é real, que a consciência individual existe, que o ar está aqui se não podemos vê-lo. Ter fé é como pular de peito aberto em precipício e saber que nada nos acontecerá. Não digo fé cega e alienada, mas como um paradigma, acreditar em algo que faz bem a alma. Talvez o desafio dos homens na Terra é justamente acreditar no que não está diante dos olhos, e perceber que há experiências maiores que a explicação. Se sente apenas e não se explica, pelo menos aqui na Terra.

Fato que fui me encontrar com Deus e renovar a minha fé. Ontem, fui buscar uma resposta em uma casa de oração. Em primeiro momento, em um instante cético, pensei: "Que loucura isso tudo. Quem me garante que isso não é uma farsa ou apenas uma maneira de se enganar"? Durante o processo, de forma inexplicável, lá estava eu diante de Deus, renovando minha fé.

Fato que a dor que fazia morada em meu peito foi retirada e agora me sinto com a alma leve. E quem explica isso? Ninguém... apenas a fé.

Renovado, estou pronto para continuar minha caminhada, forte em meus valores, entre eles o amor ágape (repleto em meu peito).

Não seu se um dia terei a resposta de uma equação para provar o que é fé. Mas, sei apenas, que minha fé foi renovada. Espero que todos aqueles que conheço e amo, e ainda, toda a humanidade, possa ter essa experiência e sanar a dor da alma.

Silas Macedo

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Hino Nacional Brasileiro

Tenho questionado qual o verdadeiro significado e sentido para cantar o Hino Nacional Brasileiro antes de um acontecimento ou ato solene? Desde que comecei a trabalhar como repórter, tenho acompanhado diversos eventos que têm o hino tocado antes do começo das atividades, seja uma inauguração ou ato político.

Depois de participar de inúmeros eventos, comecei a perceber que muitas pessoas, entre elas, representantes políticos, não cantavam ou apenas balbuciavam o hino.
Me recordo, que ao aprender a cantar o Hino Nacional Brasileiro no colégio, fui ensinado da importância de cantar com respeito, em momentos solenes, e situações que resgatassem a brasilidade.

Diante disso, resolvi me calar. Não mais canto em eventos que considero sem importância ou profanos. Pode parecer loucura, mas só canto em momentos de emoção ou respeito ao meu País. Acho que cumprir protocolos, pelo simples fato de cumpri-los, não têm importância ou propósito. Por isso, não estranhe se um dia me encontrar calado em mais um evento, cheio de "mosquitos de poste, urubus e aspones" (respectivamente; gente sem foco, alpinistas sociais e aproveitadores, e assessores de porra nenhuma).

Enfim... Salve a nação que desconhece a letra e o significado do hino nacional do país chamado Brasil.

Silas Macedo




PS: Segue lembrete para os desavisados!

Letra do Hino Nacional Brasileiro
I
OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS
DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE,
E O SOL DA LIBERDADE, EM RAIOS FÚLGIDOS,,
BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE.
SE O PENHOR DESSA IGUALDADE
CONSEGUIMOS CONQUISTAR COM BRAÇO FORTE,
EM TEU SEIO, Ó LIBERDADE,
DESAFIA O NOSSO PEITO A PRÓPRIA MORTE!

Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE!

BRASIL, UM SONHO INTENSO, UM RAIO VÍVIDO
DE AMOR E DE ESPERANÇA À TERRA DESCE,
SE EM TEU FORMOSO CÉU, RISONHO E LÍMPIDO,
A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE.
GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA,
ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO COLOSSO,
E O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA.

TERRA ADORADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU,BRASIL,
Ó PÁTRIA AMADA!
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!

II
DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO,
AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU PROFUNDO,
FULGURAS, Ó BRASIL, FLORÃO DA AMÉRICA,
ILUMINADO AO SOL DO NOVO MUNDO!
DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA,
TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES;
"NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA,"
"NOSSA VIDA" NO TEU SEIO "MAIS AMORES".

Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE!.

BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO
O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO,
E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA
-PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO.
MAS, SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE,
VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA,
NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA MORTE.

TERRA ADORADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU, BRASIL,
Ó PÁTRIA AMADA!
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!

Glossário
Plácidas: calmas, tranqüilas
Ipiranga: Rio onde às margens D.PedroI proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822
Brado: Grito
Retumbante: som que se espalha com barulho
Fúlgido: que brilha, cintilante
Penhor: garantia
Idolatrada: Cultuada, amada
Vívido: intenso
Formoso: lindo, belo
Límpido: puro, que não está poluído
Cruzeiro: Constelação (estrelas) do Cruzeiro do Sul
Resplandece: que brilha, iluminidada
Impávido: corajoso
Colosso: grande
Espelha: reflete
Gentil: Generoso, acolhedor
Fulguras: Brilhas, desponta com importância
Florão: flor de ouro
Garrida: Florida, enfeitada com flores
Idolatrada: Cultivada, amada acima de tudo
Lábaro: bandeira
Ostentas: Mostras com orgulho
Flâmula: Bandeira
Clava: arma primitiva de guerra, tacape

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pet Road


Mais um cliquê da amiga e fotógrafa Wendy Vatanabe pelos bairros de Guarulhos. Dois cachorrinhos atentos deixados em cima de um telhado. Resta saber se eles foram deixados lá por falta de espaço ou para serem futuros cães de guarda do telhado?

Silas Macedo

domingo, 19 de junho de 2011

Simples assim... Um sorriso!


Um dia desses, aparentemente como outro qualquer, estava eu indo de ônibus para o trabalho. Um dia nublado, cinza e frio, remetendo as pessoas ao silêncio, a preguiça e ao mau humor típico de quem não queria sair da cama.

Aparentemente, um dia comum, chato e sem perspectiva. Mas, quando menos imagino, entra no coletivo, um idoso, com calça bege, camisa xadrez azul, meias pretas e all star azul, e um sorriso contagiante.

Ao entrar, ele de forma enfática e empolgante, de um sonoro “bom dia” ao motoristas e aos demais passageiros que estavam na parte da frente do ônibus. Em princípio, alguns responderam de forma comedida. Não satisfeito, diante do silêncio que pairava dentro do coletivo, ele começou a contar anedotas e casos de vida, puxando um e outro para rir.

Aos poucos, o riso, assim como um vírus poderoso, foi se espalhando. A manhã que inicialmente era cinza e sem graça, começou a se transformar em um novo dia. Foram poucos os imunes ao vírus.

Em meio as piadas, alguém pergunta ao velho sorridente, qual o motivo de tanta alegria. Ele parou, pensou, e sem titubear respondeu: “Milha filha, com o passar dos anos, percebi que a vida é rara demais para ser desperdiçada com cara feia, mau humor e rancor. A vida ter de ser simples. E vamos sorrir!”. Fechando a lição com uma sonora gargalhada.

Eu, que queria apenas ler o meu livro, vencer o trânsito e chegar a tempo ao trabalho, vi naquele homem uma lição simples e preciosa para a vida. Um sorriso, uma gentileza ou qualquer gesto de respeito e carinho com o próximo faz a diferença em nossas vidas com a do próximo também. Diante disso, hoje almejo sempre dar um sorriso a todos, mesmo os desconhecidos.

Em resumo, a vida deve ser simples assim... como um sorriso.

Silas Macedo

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Escolhas...



Escolher, segundo o dicionário de português Michaelis, significa “dar preferência a, entre coisas da mesma espécie...Optar”. Esta simples palavra carrega um peso imensurável. Sabemos que a vida é feita de escolhas e que para cada uma há uma renúncia, seja na área profissional, sentimental, familiar, isso acontece o tempo todo.

A vida é segmentada em diversas fases e, normalmente, é na adolescência que algumas decisões são tomadas, muitas vezes por impulso, e podem deixar marcas eternas. Mas essas escolhas, certas ou erradas, fazem parte do amadurecimento, é nesse momento que o indivíduo passa a ter consciência de que suas decisões podem vir a definir o futuro.

Posso dizer que tive uma infância tranquila, mas desde muito cedo eu já tinha noção prévia do “certo e errado” (se é que existe certo e errado) e fazia minhas escolhas a partir dessa concepção. Minha mãe costuma relatar que não teve muito trabalho comigo enquanto criança, pois quando fazia alguma travessura por impulso, eu reconhecia o erro e me punha de castigo. Olha o entendimento aí!

E assim cresci ciente de que para toda ação há uma reação e que temos quer ser maduros o suficiente para arcar com as consequências de uma decisão tomada. Em alguns casos não é nada fácil, porém, tudo é possível.

Já errei muitas vezes, tomei várias decisões equivocadas, por impulso, por capricho, por já não suportar mais uma situação, por princípio. Posso afirmar que o resultado nem sempre foi confortável ou satisfatório, mas tudo que aconteceu, bom ou mau, foi resultado de minhas escolhas e, por mais irreversível que seja, posso dizer com orgulho que não me arrependo de nada.

A minha melhor escolha feita até hoje tem nome: Luara. A partir do momento que decidi que ela nasceria independente das adversidades existentes, minha vida mudou. Sou mãe solteira, minha filha não tem contato com o “pai”, não é uma situação fácil. No entanto, desde que fiquei sabendo que ela estava se desenvolvendo em meu ventre, consegui forças para enfrentar o que estaria por vir.

Muitas pessoas viraram as costas, falaram mal, proibiram que suas filhas andassem comigo, enfim, fui marginalizada, mas não desisti da minha filha, não desisti da vida dela. Trabalhei, contei com o apoio de verdadeiros amigos que não se importaram com o fato de minha filha não ter pai e hoje posso afirmar que somos vencedoras. E melhor ainda, posso dizer que tenho a consciência tranquila, pois não cometi homicídio, já que fui mulher para manter um relacionamento com um homem, também seria mulher para assumir a consequência desse ato.

Não me intimidei diante da covardia dele! Optei pela vida dela que hoje proporciona a mim e à minha família muita felicidade. Assim é a vida, escolhas, decisões, consequências...

Keyla Santos

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Guarulhenses se aventuram nos coletivos




A situação dos transportes públicos em todo o País pode não ser considerada uma das melhores, mas vou abordar um caso específico que afeta diretamente a mim e aos munícipes guarulhenses. A intenção não é apontar culpados, e sim, buscar uma solução. A chegada do sistema Bilhete Único em Guarulhos pode ser apontada como um benefício às pessoas que precisam se deslocar dentro da cidade, pois permite a utilização de uma única passagem em diversos ônibus municipais no prazo de duas horas. Ponto positivo.

Em contrapartida, junto com o Bilhete Único veio uma proposta diferente para a cidade, a implantação de terminais urbanos em alguns bairros que serviriam como ponto de integração. Ou seja, os micro-ônibus transportam os moradores de bairros mais afastados até o Terminal Urbano e, de lá, o usuário adentra em um ônibus maior que o leva até a região central e/ou adjacências. Teoricamente bonito, já que reduz a circulação de lotações e ônibus nas principais avenidas, diminuindo assim, o fluxo intenso nos horários de pico.

No entanto, vale lembrar que estou falando de Guarulhos, logo, a ideia que parecia perfeita, na prática, é um verdadeiro desastre. Justifico: os Terminais Urbanos não existem literalmente, ou seja, existem sim locais improvisados, sem o mínimo de infraestrutura, sem banheiro, sem cobertura e, muitas vezes, sem policiamento adequado, levando em consideração a localização e a falta de iluminação pública adequada.

Outro ponto significativo é que, “teoricamente”, quando os micros chegassem aos terminais, os outros ônibus estariam disponíveis para transportar os passageiros ao destino final. Na prática, faltam ônibus e, os poucos que executam o serviço andam lotados.

Para os trabalhadores e estudantes que retornam aos bairros após às 23h, conseguir um meio de transporte se torna um verdadeiro jogo de azar. Já que os responsáveis pelos micro-ônibus não têm responsabilidade, não levam a sério o trabalho e decidem voltar para suas casas a partir das 23h. Resultado: passageiros insatisfeitos nos “terminais” e nos pontos.

Os fatos que citei acima são poucos diante das inúmeras irregularidades existentes nesse novo sistema de transporte municipal. No início, foi uma confusão, pois não foi feito investimento adequado em informativos para explicar aos passageiros sobre as mudanças de itinerário das linhas. Os motoristas não sabiam pra onde iam e os passageiros ficavam rodando pela cidade sem saber exatamente como chegar a casa depois de um dia cansativo de trabalho.

Diante dos fatos, é possível apontar que a opinião dos principais afetados por todas essas alterações não vale nada. Guarulhos pode, perfeitamente, ser comparada a uma Torre de Babel. E quem paga por tudo isso? O contribuinte, que é constantemente desrespeitado, humilhado e ainda, tem que se contentar com obras fantasmas, projetos inviáveis e, aprovar que o dinheiro público seja esbanjado sem planejamento, afinal, pra que economizar se é possível ostentar?

KS