segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Entre o céu e o inferno

Certa vez, quando pequeno, ouvi em uma aula de orientação religiosa uma parábola chinesa que explicava a diferença entre o céu e o inferno. A história contava que um homem foi escolhido por Deus para conhecer o paraíso e o umbral para poder ensinar a humanidade como agir diante da vida para alcançar a plenitude do céu ou o caos do inferno.

Ao chegar ao inferno, o homem avistou outros homens com logos hashis – varetas utilizadas como talheres em países do extremo Oriente, tais como; China, Japão e Coréia – em torno de um grande monte de arroz.

Em princípio, o homem não entendeu como aquele lugar era chamado de inferno, porque lá havia alimento abundante para todos que lá estavam. Aos poucos, ele percebeu que os homens se aglomeravam em volta do monte de arroz para tentar saciar a fome, mas não conseguiam levar o alimento a boca por causa dos hashis gigantes.

O visitante dos mundos espirituais percebeu que a fome daqueles homens era crescente. Gradativamente, a necessidade de comer aumentava e também o desespero por alimento, situação esta que os remetia ao desequilíbrio, impaciência, raiva e violência.

Na sequência o visitante foi levado ao céu. Ao chegar ao paraíso, ele foi surpreendido ao deparar-se com a mesma cena, homens em posse de grandes hashis em torno de um monte de arroz. Sem entender a diferença, ele questionou a Deus sobre o que diferenciava os dois lugares.

Deus respondeu: Apenas observe.

Diferentes daqueles que estavam no inferno, os homens do céu não se amontoavam e nem brigavam pelo monte de arroz. Na verdade, eles se distanciavam do arroz, e com tranquilidade pegavam o alimento com os longos hashis e o levavam a boca da pessoa mais próxima. De forma que todos que estavam em torno do arroz, em uma grande roda, podiam se alimentar por meio da benevolência, altruísmo e a prática da caridade.

Naquele momento, o visitante dos mundos espirituais entendeu a diferença entre o céu e o inferno. Ao retornar ao mundo, ele propagou o que aprendeu. Porém, nem todos ouviram ou entenderam o relato, pois também se digladiavam na Terra por um monte de arroz.

Ao relembrar dessa parábola, refleti sobre as atitudes que nos remetem ao céu e ao inferno. Diante disso, penso que em vida, ou mesmo após o desencarne (morte), temos a possibilidade de escolher viver o paraíso ou o caos, como resultado de nossos pensamentos e ações. Afinal, afirmam os antigos, que o céu e o inferno estão dentro de nós, em nossos corações, e para ser feliz basta escolher como se portar perante a vida.

Silas Macedo

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