quinta-feira, 17 de junho de 2010

Glamour Urbano

O Palanque tem sido utilizado, entre outras coisas, como mural de fotos de artistas e fotógrafos de alma sensível e olhar atendo. Aproveitando a deixa, a imagem postada é uma foto registrada por mim (aprendiz de fotógrafo) em meio a Parada Gay 2010, na descida na Consolação.
O mestre da fotografia Henri Cartier Bresson diz que devemos estar atentos para o instante decisivo - momento único para registro de uma imagem ou fato - e outros mestres orientam que devemos seguir a intuição e a sensibilidade para ver o que olhos desatentos deixam passar despercebidos.
Creio que essa foto é um resumo dessas lições, pois ao buscar boas fotos na Parada Gay, me deparei ao longe com um figura que saltava ao olhos, prontamente fui ao seu encontro e, por meio do olhar pedi permissão para eternizar aquele momento. Recebi a resposta por meio de um discreto olhar, envolto de glamour e lisonjeio, permitindo o registro.
Ao chegar em casa, olhei a imagem com atenção e pude perceber que as cores, o cenário e o próprio personagem, de uma forma conspiradora, se integraram criando arte e glamour pintados com cores fortes e surreais em meio a uma festa carnavalesca que brinda a vida, a liberdade e a diferença em meio ao caos.
Silas Macedo

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Em busca da esperança


Essa imagem foi clicada pela amiga e fotografa Wendy Vatanabe, na favela Hatsuta, em Guarulhos. A comunidade carente sobrevive por meio da reciclagem. A cena captada demonstra a cor da esperança em contraste com as cores desbotadas pela pobreza. Um sinal de esperança em meio a uma realidade triste e desumana.
Silas Macedo

domingo, 6 de junho de 2010

É o tempo da travessia...

A vida nos surpreende a cada dia, sim, isso é fato! Toda decisão, traz à tona uma ação e, consequentemente, uma reação.
Há um mês, estou experimentando uma fase nova da minha vida. Tomei uma decisão que mudou completamente o rumo de minha simples existência. Confesso que não foi fácil, foram diversas noites mal-dormidas, estresse, mau-humor e afins.
Certo dia, acordei decidida a não viver mais da forma que estava vivendo, pois trabalhava em uma empresa que, há um tempo atrás, fazia parte de meus sonhos, porém, descobri que tudo havia passado e o que eu tinha de absorver, já havia sido absorvido. Eis que o desespero passou a perseguir-me!
Logo, surgiu o bom e velho dilema: ser ou não ser, eis a questão. Ou seja, ser uma jornalista de uma empresa de comunicação e continuar sem perspectiva de ascensão e, a pior parte, sem “grana”, ou, arriscar, “chutar o balde”, sair batendo a porta sem olhar para trás e tentar outra forma de realização profissional, pessoal e financeira?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?
Após uma crise com meu “chefe”, a situação agravou-se e cada dia que se arrastava naquela empresa, parecia um martírio, uma verdadeira via crucis. Já não existia mais vontade em mim, restava apenas um leve desespero e uma vontade enorme de sair gritando: “liberdade de expressão, deixa eu falar fdp” (perdoe-me a expressão chula, mas ela ilustra com maior veracidade a intensidade dos fatos).
Enfim, após muito pensar, relevar, colocar na balança, entre outros termos que possam definir a angústia de uma decisão complexa, resolvi desligar-me da empresa! Ufaaaa! Quando pude finalmente acreditar que essa era a melhor opção, senti-me imensamente aliviada e feliz, com a sensação de que tinha feito a escolha certa e fiz!
Agora estou em uma fase diferente, repleta de possibilidades e que está me proporcionando muito aprendizado. Sou uma jornalista freelancer, escrevo para as mesmas revistas que escrevia quando estava na agência, com a vantagem de que tenho liberdade para procurar outras opções de renda.
Estou feliz, traçando meu futuro, escolhendo, oferecendo a mim a oportunidade de arriscar. Errar ou acertar são apenas consequências e não adianta fugir, pois mais cedo ou mais tarde, a escolha tem que ser feita para dar continuidade ao processo da travessia...
Keyla Santos

sábado, 5 de junho de 2010

A luta contra Morpheus


Esses dias, passei por uma situação inusitada, algo que tenho intitulado como aventuras de um jovem repórter (meio clichê, mas é verdade).

Entre a correria de uma pauta e outra, admito que, por vezes, descubro o assunto e o direcionamento da pauta no local da reportagem. Isso acontecia muito há uns três meses, quando entrei no jornal e, pelo que conversei com outros jornalistas novos, essa situação é bem comum.

Eu estava em uma pauta básica de Cidades (editoria), quando meu chefe de reportagem me pediu para cobrir um evento sobre meio ambiente, um palestrante super gabaritado. Pensei comigo; vai ser ótimo, gosto do tema e poderei escrever uma matéria bem legal.

Chegando lá, o palestrante já estava em uma sala com mais três ou quatro jornalistas, falando sobre o tema. Entrei, me sentindo muito "jornalista inesperiente", mas ok e comecei a prestar atenção na palestra. O problema é ele falava quase sussurando e eu estava um pouco cansado. Pronto! Foi ai que o Morpheus - deus do sono - chegou e começou a travar uma forte luta contra mim. (que dramático!)

Na real, eu tentava prestar atenção no assunto, mas o sono era muito forte. Tentava ouvir, respirar fundo, me movimentar a até anotar. Nada funcionava! Eu acho um tremendo desrespeito dormir numa palestra, mas não conseguia me controlar. E outros jornalistas que me olhavam ao perceber o sono, que vergonha!

A Wendy Vatanave - fotógrafa e amiga - estava comigo e presenciou a luta contra Morpheus. Ao sairmos da pauta, o desespero ao ver minhas anotações e perceber que não tinha quase nada para me basear na hora de fechar o texto. Que pânico!

Eu e Wendy, após muitas risadas, voltamos a Redação. Pra fechar o texto, recorri a anotações bizarras, a memória e as releases. Enfim, deu tudo certo, a matéria ficou bacana.

Resumo da ópera: Foi um dia de grande aprendizado, risadas e um caderno com anotações quase psicografadas e indecifravéis.


Silas Macedo

Oração


Ó grande espírito cuja voz eu distinguo nos ventos e cujo alento dá vida ao mundo todo.

Ouve-me!

Sou pequeno e sou fraco, necessito de sua força e sabedoria. Deixe-me andar em beleza e faze com que meus olhos contemplem sempre o vermelho e o púrpura do pôr-do-sol.

Faze com que minhas mãos respeitem as coisas que criaste e que meus ouvidos sejam aguçados para ouvir sua voz.

Faça-me sábio para que eu possa compreender as coisas que ensinaste ao meu povo, que escondeste em cada folha e em cada pedra.

Busco força não para ser maior que meu irmão, mas que eu possa lutar contra o meu maior inimigo, eu mesmo.

Faça-me sempre pronto para chegar a ti com as mãos limpas e o olhar firma afim de quando a vida se apagar como se apaga o poente, meu espírito possa chegar a ti sem se envergonhar.
Observação!
Tive contato com essa oração xamânica quanto participei de uma oficina teatral com a Cia Arueiras do Brasil. Além do teatro, posso dizer que essa oração marcou diversas fases da minha vida, entre elas; o desencarne do meu avó. Postei essa oração porque vejo verdade e beleza nessas palavras e acima de tudo porque esta oração, ao meu ver, exprime a necessidade diária dos homens em busca o divino, não no sentido dogmático, mas de religare - voltar a si, a origem, a Deus.
Silas Macedo