quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Estiagem Textual

Nunca achei que eu pudesse entrar em processo de estiagem textual ou criativa - momento em que jornalistas, escritores, poetas e artistas simplesmente não conseguem escrever, se expressar ou criar. Já tive momentos diante do computador, na Redação - por exemplo, em que não conseguia escrever uma linha sequer. Mas, bastava respirar fundo, retomar o foco, e o texto simplesmente fluía junto do dedilhar no teclado.

Já ouvi relatos e tomei conhecimento dessa tal estiagem criativa, crise artística, ou qualquer outro nome. Fato, sorrateiramente, fui surpreendido por ela, e logo me vi incapaz de escrever. Expressar em palavras tudo o que vejo e sinto, seja para protestar, contar, desabafar, ou ressaltar a beleza da vida.

Diante da tela branca, me senti desnorteado. O que teria acontecido? A fonte teria secado? Que força ou motivos seriam capazes de me impossibilitar de escrever e calar a voz que ecoava dentro do meu peito?

Sem respostas, resolvi me recolher, mergulhar em mim, em um infinito de possibilidades. Páginas brancas versus um turbilhão de sentimentos, ideias, cores, mudanças e sensações mescladas em um grande furacão.

Tempo ao tempo... 

Ao entender os desígnios e recordar a importância da paciência e do tempo, esperei, confiante que após a tempestade pudesse ver os raios do sol. Sem pressa, me permitindo contemplar cada momento, retirando o melhor e tornando eterno o que aparentemente é efêmero.

Percebi que os sentimentos e ideias estavam em mim, vivos como antes, emitindo sinais diante de todos os estímulos que a vida me concede. E, gradativamente, como a água aprisionada em uma barreira que acha uma fresta para começar a fluir e logo romper os obstáculos, me vi diante do computador escrevendo novamente. Pronto para compartilhar experiências e o universo que existe em mim. E, sem dúvida, ansioso para também poder conhecer outros infinitos particulares.

Creio que compreendi, de forma empírica, a estiagem que outros passaram. E, principalmente, que entender a sabedoria do tempo nos permite não sofrer por ansiedade - sentimento que nos impede de discernir com clareza e viver de forma plena.

Por fim, afirmo que é necessário ter a paciência, a força e a sabedoria daqueles que vivem em locais onde a estiagem é companheira diária. Tendo a certeza que a chuva e a água sempre vem para nos abençoar. 

Basta confiar para não sofrer.

E como digo: Let flow!

Silas Macedo