terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Onipresença divina

Onde Deus se manifesta? Tentar responder essa pergunta é algo muito difícil, afinal quem comprova a existência de Deus. Seríamos fruto da vontade divina ou apenas resultado do acaso, restando aos homens ser apenas fruto das teorias evolucionistas de Charles Darwin?


Mas, deixando esses questionamentos de lado, e partindo do princípio que Deus exista, onde ele se apresenta? Em que lugares, templos ou religiões? E como diferenciar suas manifestações? Quais as verdadeiras? Como identificá-las em lugares distintos?

Essas perguntas surgiram em minha mente ao ver manifestações religiosas em lugares distintos, em religiões diferentes, atestadas supostamente pela presença de Deus.

O primeiro contato com essas experiências foi ao participar de uma celebração em uma igreja da Renovação Carismática Católica (RCC), onde as pessoas cantam e oram fervorosamente. Acompanhava o rito religioso, quando fui surpreendido as ouvir pessoas "orando em línguas estranhas” ou "língua dos anjos" – remetendo ao episódio de Pentecostes citado na Bíblia, quando o espírito santo desce sobre os discípulos de Jesus Cristo.

A cerimônia continuou e, ao final, o padre desceu do altar para andar junto aos fiéis com o Santíssimo Sacramento – objeto do altar que transporta a hóstia – para abençoá-los e também exorcizá-los. Por onde o sacerdote passava, as pessoas caíam aos seus pés, fato que representa um livramento ou o desligamento com energias negativas.

Tempos depois, participei de um culto da Igreja Pentecostal em uma clínica de recuperação para adictos (dependentes químicos) onde vi as mesmas manifestações da RCC. Diante da cena, refleti sobre a fé, Deus e suas apresentações aos homens.

Depois do culto, conversei com o Pastor do local que me explicou que todas as igrejas evangélicas pentecostais têm manifestações semelhantes ao apresentar os dons de Deus. Questionei ao Pastor o fato de ter presenciado algo parecido (diria igual) em um segmento da Igreja Católica. Tranquilamente ele respondeu: Deus se manifesta da mesma forma em lugares diferentes!

Outro dia, ainda em uma celebração no sítio dos adictos, eu presenciei uma diferente expressão religiosa. Tratava-se de um culto especial, com vários pastores e batismo de novos fiéis. No meio do rito religioso, vi mulheres levantando inconscientes e seguindo para o meio do salão (próximo ao altar), onde cantavam, dançavam e giravam compulsivamente no próprio eixo.

Foi inevitável comparar aquela manifestação com as mesmas que acontecem em templos ou terreiros das religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé.

Refleti como Deus está acima de qualquer conceito ou dogma, isso porque existe uma divisão entre as religiões, tais como; católicos e evangélicos versus "macumbeiros". Destaco que a palavra versus não foi usada no sentido de guerra ou luta (embora algumas pessoas pratiquem sua fé desta forma), mas como divisora.

Para fechar a reflexão e o aprendizado, após o convite de uma amiga, prestigiei uma celebração da umbanda. Em princípio, ela ficou receosa de qual seria a minha reação, tendo em vista os conceitos e pré-conceitos ensinados em nossa sociedade há tempos. Admito que fiquei apreensivo, diante de tanto receio, mas fui surpreendido por um rito de fé bonito, tranquilo, repleto de simbologias, sincretismos, além de estar arraigada as tradições culturais africanas.

E novamente vi as mulheres dançando, cantando e girando em um transe espiritual. Que dizer ou pensar?

É fato que Deus é etéreo, e as religiões são construídas e vivenciadas por homens (falhos e em estado contínuo de aprendizado e evolução). Pontos que explicam em parte as manifestações divinas em lugares distintos, a pregação comum a prática da caridade e ao amor ao próximo em todas essas religiões, e também os erros, dogmas e equívocos que separam a humanidade em algo que poderia uni-la, a religião (do latim religare, reconectar ao divino, ao que é bom).

Percebi que a essência é a mesma, e que Deus (acreditemos nele ou não) se apresenta de várias maneiras, cores, matizes e lugares, de forma que todos possam senti-lo e presenciá-lo.

Ao ver esse mar de possibilidades, espero continuar prestigiando as faces de Deus em várias religiões em diversos pontos do planeta.


Silas Macedo

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