terça-feira, 9 de junho de 2015

Tempo para o livro, o vestido e o amor

Há tempo para todas as coisas... Para nascer, crescer, morrer. Arar a terra, lançar as sementes, cultivar, ver os primeiros brotos, colher os frutos e fazer a poda. Uma lei universal, conhecida pelos antigos e sábios, compartilhada a cada geração com o o intuito de tornar a vida mais leve.

E quem consegue colocar em prática esse ensinamento? Diante do imediatismo dos nossos dias, a pressa desregrada do agora, a ânsia em ter tudo pronto pra ontem, geram uma ansiedade gigante capaz de desestabilizar e acabar com a saúde de qualquer ser humano. 

Discuti o assunto com um grupo de amigos que, assim como eu, têm a impressão que os ponteiros do relógio correm mais rápido que o normal, impulsionados pela cultura do "quero agora" somado a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) - conceito criado pelo psiquiatra Augusto Cury que define a hiperconstrução de pensamentos, numa velocidade tão alta que estressa e desgasta o cérebro. 

Em nossa conversa, refletimos como a ansiedade nos atinge, e quais os caminhos para superar esse martírio moderno. Em geral, optamos por aprender na dor, após muitas crises de ansiedade, noites mal dormidas, falta de apetite ou vontade compulsiva de comer, gastrites, e até úlceras. Para cada um, a experiência pessoal, seja escrever o primeiro livro, encontrar o vestido de noiva ideal, lançar o projeto de uma revista, e entender o tempo de maturação do amor, requer o aprendizado de respeitar e colocar em prática o tempo certo para todas as coisas. 

Atelier que fará o vestido ideal - Foto: Silas Macedo
Um dos amigos, hoje um jovem e promissor escritor, sofreu ansioso ao pensar em seu primeiro livro em 2011, o escreveu em 2012, e o lançou em 2013. Segundo ele, foi o tempo certo de amadurecimento das ideias, e o lançamento da publicação aconteceu na melhor data. A outra, ansiosa por achar o vestido ideal para o casamento - importante rito de passagem - comprou o errado na primeira loja que entrou. Arrependida, respeitou os desígnios do tempo, e após um período, encontrou exatamente o que buscava, com direito aos mimos e todo o respeito que as noivas merecem. O projeto da revista, almejado para março, concretizou-se em junho. E o amor tão aguardado, aconteceu, após entender que o ele é uma via de mão dupla, que depende da disposição e o tempo de cada um.

Ao final, o consenso de que o conselho dos sábios, mestres e filósofos em respeitar o tempo de todas as coisas, sempre esteve certo, e quando praticado é a melhor forma de tornar a vida mais calma e plena. Um exercício difícil, a ser aplicado diariamente.

Silas Macedo