domingo, 31 de julho de 2011

Consciência livre e mudança

Esses dias tive contato com uma pessoa que me fez pensar sobre a real possibilidade de mudança de postura do ser humano diante da vida, contradizendo o dito popular "pau que nasce torto, morre torto". Essa pessoa, que chamarei pelo pseudônimo "Change", apareceu em minha vida para pedir perdão a uma pessoa que eu tenho muito apreço.

Na verdade, o contato entre o Change e o meu amigo foi no início da adolescência, no colégio. Época em que o ser humano, em meio a tantas dúvidas, muitas vezes busca se auto-afirmar menosprezando o próximo. Neste caso, a relação entre eles chegou ao bullying, porque o Change fazia parte do grupo popular da escola, e com esse suposto amparo, ele maltratava o meu amigo devido a sua homossexualidade. Piadas, perseguições e pancadas.

Ouvi deste amigo, que aos 14 anos, ele teve contato com um mundo cruel, onde o diferente deve fugir para poder sobreviver. "Corre viadinho!" - gritava o grupo popular. Diante disso, meu amigo se escondia, mudava trajetos, deixou algumas vezes de frequentar a escola, e se escondia, buscava respostas e refúgios, ao ponto de encontrar nas drogas algum alívio para aquela dor.

Aos 14 anos, ele teve contato com maconha e cocaína, em pânico, escondido dentro do banheiro da escola. Não que o histórico justifique a escolha de experimentar as drogas, mas é possível compreender um dos motivos que o levaram a esse caminho. Fato que hoje esse amigo está em uma clínica de tratamento para dependentes químicos.

Agora lembremos de Freud, muitas vezes repudiamos no outro os nossos maiores desejos ou ainda a nós mesmos. Passado quase dez anos, Change procura esse meu amigo para pedir perdão sobre todos os males que fez na adolescência e admitir que também é gay. Ironia do destino, esse reencontro se deu dois dias antes da internação do meu amigo na clínica de recuperação.

Se ele foi perdoado? Claro que sim! Meu amigo tem um bom coração. E afinal, quem nunca errou, quem nunca se sentiu integrante do grupo dos diferentes e excluídos? Quanto ao futuro... Espero sinceramente que meu amigo possa sair da clínica recuperado e pronto para deixar definitivamente as drogas. Quanto ao Change, não devemos julgá-lo, penso que ele é um ótimo exemplo de como as pessoas podem mudar, seja pelo amor ou pela dor.

Em resumo, creio que o ideal é se colocar no lugar do outro antes de realizar qualquer julgamento. Seja ele ligado a sexualidade, posição social, cultural, religiosa ou qualquer outra situação. A meta é respeitar o próximo, colocando em prática o dito "trate o outro exatamente como deseja ser tratado", simples assim.

E para aqueles que não acreditam na mudança do ser humano, pense sobre isso com base nesse relato. Aplicando a lição a qualquer circunstância, seja para um ex-dependente químico, ex-detento, assassino, agressor, etc. Finalizo, afirmando que estamos nesse mundo para aprender com o próximo e evoluir.

Silas Macedo

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