segunda-feira, 26 de março de 2012

Uma preciosa colher de óleo

Esses dias me recordei de uma parábola que ouvi de uma freira em uma aula de orientação religiosa ministrada no colégio onde estudei quando jovem. Ela disse que certa vez um senhor muito rico chamou um de seus criados e lhe deu uma colher com um precioso óleo. O servo, sem entender tal ação, perguntou o que deveria fazer com o que lhe fora ofertado.
Diante do questionamento, o senhor ordenou: "Vá, conheça os quatro cantos das minhas propriedades, prove e experimente o que lhe apetecer, busque sensações novas e volte repleto de conhecimento. Saliento apenas não desperdice o óleo essencial que lhe presentiei".
Feliz e afoito, o servo seguiu mundo afora para cumprir as ordens do seu senhor. Chegada a hora de voltar, ele retornou repleto e ansioso para dividir suas vivências com o dono da vasta propriedade. O senhor recebeu o servo, ouviu suas histórias, e na sequência perguntou: "Onde está o óleo sagrado que lhe ofertei?"
O servo, sem graça, respondeu ao senhor que diante das maravilhas do mundo esqueceu de cuidar da colher com o óleo essencial. Ele, envergonhado por não ter cumprido os desígnios do senhor, pediu uma nova chance de percorrer o caminho em posse do óleo.
O senhor, naturalmente compreensivo e amoroso, concedeu ao servo uma nova chance. E ele partiu, concentrado, não retirava os olhos da colher, seguindo passo a passo, percorrendo toda a imensidão das terras.
Ao retornar, o servo correu ao encontro do senhor e disse: "Cá está a colher do precioso óleo! Nada foi desperdiçado."
Porém, o senhor pareceu insatisfeito, e novamente questionou: "O que você aprendeu nesta última jornada? Quais as paisagens que mudaram? Quais foram as pessoas que entraram em sua vida?" Ao ver que o servo não havia cumprido seus desígnios, ordenou que ele novamente seguisse pelo mundo, absorvendo e aprendendo o máximo possível, sem desperdiçar uma única gota do precioso óleo.
O servo atendeu as ordens do senhor, com sacrifício e obstinação, mesmo sem entender o real motivo de tantas jornadas. Ele percorreu caminhos novos, conheceu pessoas, degustou, sentiu, viveu e absorveu o melhor de cada experiência, sem esquecer os cuidados necessários para preservar o azeite valioso.
Ao retornar, o servo percebeu qual foi o verdadeiro intuito de tantas jornadas a pedido do dono das terras, retirar o melhor da vida, trocar experiências como o mundo e as pessoas, sem desperdiçar a sua essência. O senhor ficou satisfeito ao constatar o aprendizado do servo.
Hoje, ao recordar o ensinamento, percebo que a freira já indicava que seguir o caminho do meio, sem excessos, exageros e maniqueísmos é o ideal. Além disso, ela já ensinava como o amor de Deus se manifesta, concedendo várias chances aos seus amados filhos, seja em uma ou várias encarnações (independente da crença). Sem dúvida, a religiosa lançou sementes nas terras férteis das mentes juvenis.
Algo que levarei por toda a minha vida, e compartilho por meio deste Blog.


Silas Macedo

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