Esses dias fui surpreendido ao receber uma carta de alguém que chegou há pouco tempo em minha vida. Sem dúvida, uma pessoa observadora e sensível, ao ponto de ver além do superficial.
Em meio a correria cotidiana, recebi a folha que me descrevia de forma clara e surpreendente. Li o texto em meio a pessoas simples de coração, recolhidas abaixo de um mundo de superficialidades e deslumbres. Uma delas, ao ver minha reação após ler a carta, disse: "Bom ler palavras que fazem bem a alma né" - seguida de uma gargalhada.
O escrito, ao qual nomeei "Carta Filosofal" - fazendo referência a pedra filosofal dos alquimistas que transformavam pedra em ouro, diz por si só.
Eis o texto...
" Em um dia como tantos outros o encontrei, de primeira impressão o achei simpático, depois lírico demais, confesso que me assustei com tanta afinidade e pensei em recuar a confiança que roubaria de mim. Mas de forma natural as brumas se esvaneceram, revelando traços do leão. O fogo são seus impulsos. Um mestre das palavras, encantador de alma e ainda mais de coração. Silas um garoto carente. Um militante racional, uma criatura maravilhosa que não vai envelhecer nunca. Poderia figurá-lo em um vampiro pela inteligência, sabedoria e beleza congelada e nebulosa de mistérios, ou então o andarilho transmutável e até o oráculo de runas, mas acho que lhe cabe, por toda sua experiência e insistência de estudar a vida e atenção aos sinais que a vida nos dá, o alquimista."
Diante de palavras como essas ficam apenas o silêncio e a sensibilidade.
Silas Macedo