
Diante do questionamento, o senhor ordenou: "Vá, conheça os quatro cantos das minhas propriedades, prove e experimente o que lhe apetecer, busque sensações novas e volte repleto de conhecimento. Saliento apenas não desperdice o óleo essencial que lhe presentiei".
Feliz e afoito, o servo seguiu mundo afora para cumprir as ordens do seu senhor. Chegada a hora de voltar, ele retornou repleto e ansioso para dividir suas vivências com o dono da vasta propriedade. O senhor recebeu o servo, ouviu suas histórias, e na sequência perguntou: "Onde está o óleo sagrado que lhe ofertei?"
O servo, sem graça, respondeu ao senhor que diante das maravilhas do mundo esqueceu de cuidar da colher com o óleo essencial. Ele, envergonhado por não ter cumprido os desígnios do senhor, pediu uma nova chance de percorrer o caminho em posse do óleo.
O senhor, naturalmente compreensivo e amoroso, concedeu ao servo uma nova chance. E ele partiu, concentrado, não retirava os olhos da colher, seguindo passo a passo, percorrendo toda a imensidão das terras.
Ao retornar, o servo correu ao encontro do senhor e disse: "Cá está a colher do precioso óleo! Nada foi desperdiçado."
Porém, o senhor pareceu insatisfeito, e novamente questionou: "O que você aprendeu nesta última jornada? Quais as paisagens que mudaram? Quais foram as pessoas que entraram em sua vida?" Ao ver que o servo não havia cumprido seus desígnios, ordenou que ele novamente seguisse pelo mundo, absorvendo e aprendendo o máximo possível, sem desperdiçar uma única gota do precioso óleo.
O servo atendeu as ordens do senhor, com sacrifício e obstinação, mesmo sem entender o real motivo de tantas jornadas. Ele percorreu caminhos novos, conheceu pessoas, degustou, sentiu, viveu e absorveu o melhor de cada experiência, sem esquecer os cuidados necessários para preservar o azeite valioso.
Ao retornar, o servo percebeu qual foi o verdadeiro intuito de tantas jornadas a pedido do dono das terras, retirar o melhor da vida, trocar experiências como o mundo e as pessoas, sem desperdiçar a sua essência. O senhor ficou satisfeito ao constatar o aprendizado do servo.
Hoje, ao recordar o ensinamento, percebo que a freira já indicava que seguir o caminho do meio, sem excessos, exageros e maniqueísmos é o ideal. Além disso, ela já ensinava como o amor de Deus se manifesta, concedendo várias chances aos seus amados filhos, seja em uma ou várias encarnações (independente da crença). Sem dúvida, a religiosa lançou sementes nas terras férteis das mentes juvenis.
Algo que levarei por toda a minha vida, e compartilho por meio deste Blog.
Silas Macedo